sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Gente Talentosa

"O mestre provoca conhecimento ao fazer operar a razão natural do discípulo"

Essas palavras são de São Tomás de Aquino, para quem ensinar era levar "de potência a ato" (algo como transformar de teoria à prática) os talentos que cada ser humano já carrega em si.

Na avaliação de Matemática referente ao 2º Bimestre, a Parábola dos Talentos foi utilizada no contexto de um problema simples, de contagem, que precisava ser resolvido. Pedia-se, por exemplo, a quantidade de servos existentes naquela situação, bem como uma equação que nos permitisse calcular o número de talentos no momento em que o Senhor volta de sua viagem.

O objetivo era duplo:

Primeiramente, desejava-se verificar, nos alunos, a capacidade de solucionar problemas.

Depois, desenvolver neles a capacidade de abstração, de imaginar situações para obter uma correta interpretação a partir de textos produzidos por outras pessoas.

Além disso, aquela passagem foi propositalmente escolhida pelo significado "implícito" que possui, especialmente na vida estudantil.

Com efeito, um senhor sai e deixa aos servos alguns talentos. Alguns servos pegam esses talentos e geram, com eles, frutos (os talentos rendem e se multiplicam). Um servo, porém, nada faz com o talento que lhe foi dado. Pior que isso: ele o enterra. O Senhor volta, felicita aqueles servos que produziram, dizendo-lhes que ganharão ainda mais, ao passo que, do servo que nada fez, diz que até aquele que tinha lhe será retirado.

Podemos produzir uma analogia com o que fazemos na escola. O que queremos de nós mesmos?

Alguns talentos nos foram dados e agora nossa vontade precisa decidir o que fazer com eles. Podemos aplicá-los em nossas vidas, gerando outros. Ou podemos enterrá-los e eles fatalmente se perderão.

Aproveitemos, pois, o tempo que passamos na escola para desenvolver nossos talentos, nossas habilidades, a fim de que elas se multipliquem cada vez mais, porque o Senhor já vem de viagem.

O tempo passa e pede a sua conta. Quanto mais cedo percebermos que ir à escola não é uma imposição de nossos pais, nem um favor aos professores, mas um ato inteligente de alguém que valoriza a si mesmo, que tem amor próprio e que sabe o quanto a vida é preciosa e como o conhecimento é necessário num mundo cada vez mais competitivo, mais talentos poderão se transformar em frutos, colhidos com orgulho, por você, por seus pais e todos aqueles que nutrem afeto e almejam seu crescimento como ser humano.

Na Era da Informação, não aproveitar a infância e a adolescência descomprometidas senão com a escola, para desenvolver os próprios talentos é equivalente a se enterrar em vida, como aquele servo da parábola. Deixar de usar os próprios dons em benefício de si é uma falta à Justiça, de amor próprio; para consigo mesmo e para com os outros, porque qualquer grau de perfeição que se possua está destinado ao serviço das pessoas e só por elas adquire significado.

A viagem está acabando. Em breve a escola dará lugar ao mercado de trabalho. Tenhamos o cuidado de não perder esse prazo e levar nota zero, porque a vida não tem dependência. Pelo contrário, é Disciplina que só se cursa uma vez e a aprovação depende do que você faz com ela.

Pax,

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