quinta-feira, 24 de junho de 2010

Do Princípio ao Fim

O som não deixa dúvidas,
De despertar é hora
À estante a mão se curva,
O silêncio não demora.

Nada é muito diferente,
Talvez o tempo lá de fora.
O Sol, após a chuva;
O arco-íris que aflora.

O périplo chega à metade,
Do inverno se vê a aurora,
A paisagem se torna turva,
Quem não vê? Quem ignora?

Em um quarto vai o frio
Que meia Terra acomete,
Incapaz de levar consigo
quem por inteiro não aquece.

A estrada do futuro é grande,
Haverá algo que me inquiete?
Busco livrar-me do perigo,
De todo o mal que não me esquece.

O horizonte não parece sólido,
Meu andar se apresenta inerte,
Ao redor, busco um amigo,
O que se vê mais me entristece

Caminham todos adormecidos,
Como se consciência não tivessem.
Embriagados? Enlouquecidos?
Que fazem os homens que enobrece?

No trem embarco, sento-me e assisto.
De óculos não careço para enxergar
Dimensões de um mundo outrora conciso;
Digressões de almas sem acreditar.

Cristóvão é o guia, já não se para em Francisco.
É chegado o terminal; todos têm que saltar.
Alcançaremos nós também o fim propínquo,
Nele não haverá mais como optar.