segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Navegando


A manhã revela o Sol,
Que adorna a solidão,
Tarde, passa da hora,
Despede a escuridão.

Tudo o que não se via,
Exibe-se, com distinção,
Então, o frio vai embora,
Não se aquece o coração.

No mar, além do horizonte,
Inalcançável, a embarcação
Que parte da vista ao longe.

Consigo, o dia levará,
A Lua, a noite trará,
Quem sabe, regressará...

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Senda e Companhia

Pôr-se a caminho e andar,
ao fim triunfante marchar,
Quem não servir a atrasar
quão excelsa parceira será!


Passo e o ânimo manter,
A esperança recrudescer,
do alto do monte ir ver,
o ocaso da vida aquiescer.

Far-se-á o que da aurora
antes de transcorrer o dia
e da noite ter chegado a hora?

De tocar a aldrava da porta,
que o presente anuncia
do fim futuro, a alegria

sábado, 21 de maio de 2016

Gravidade



Planeta sem satélite,
um dia no espaço voou
uma Lua em efeméride,
portento que sempre brilhou

Seu périplo decidido
aurora e ocaso lembraram
um luzir incandescido
que estrelas enevoaram

Tão vistosa aparecia,
imponente em sua órbita
pedia licença ao dia,
erguia-se antes da hora

Fortaleza em espiral,
tinha destino infinito,
pleito gravitacional,
escapou como prescrito

E navega sem destemor,
por mares muito escassos,
fulgurante como relâmpago,
em busca de novos astros.

sábado, 12 de março de 2016

Efêmeras Efemérides

Deixar as fronteiras de Aquino, invariavelmente resulta em exercitar os sentidos e, em consequência, a vontade e a consciência as quais, devidamente ordenadas, devem convergir para uma efetiva liberdade. Os muros escondem a intranquilidade de terras deixadas à mercê do domínio de uma variedade de almas que sincronizam de forma inexata as coordenadas de destino dos meios empregados à consecução de seus fins, nem sempre correspondendo aos pontos colineares que caracterizam a retidão da estrada desejada pelo Senhor de Tudo. Operam como um "firewall", com intuito de impedir a perturbação, associando-se ao livramento requisitado durante a Liturgia Eucarística: "Livrai-nos de todo o mal, Senhor, e dai ao mundo a paz em nossos dias, para que, ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e de toda a perturbação". De fato, as muralhas se erguem ao redor do castelo, buscando garantir a paz aos dias de Aquino.

Mas o castelo tem portões e sua face janelas de observação, olhos abertos ao exterior para evitar que o interior seja surpreendido e a tranquilidade do condado perca sua estabilidade habitual e virtuosa. A missão dos sentinelas de Aquino é deixar o castelo sempre a par do que ocorre fora das fronteiras com vistas a uma perpétua preparação para o desconhecido. Romper os limites do condado permite constatar a volatilidade da vontade, consequência de uma liberdade sem freios e da ausência de um horizonte absoluto, casos em que a busca pela Verdade encontra o labirinto relativista como obstáculo. Sem saber exatamente o que procurar e sob a ilusão de disfarces bem elaborados, não é raro acabar ciclicamente em um beco sem saída.


Não bastasse desviar dos ardis sofisticados, obsta o horizonte o excesso de frivolidade, como tempestades de areia a excitar demasiadamente os sentidos. A bruma sobrecarrega a visão, os fortes ventos estrilam os ouvidos e a sílica amolga o tato. Respirar se torna difícil e o paladar não agrada. Assoberbada pelos múltiplos estímulos, a razão, desprevenida, se perde e sucumbe, logo gerando mais combustível fútil, petróleo que, cobrindo a alma, enegrece a luz; ofusca seu brilho natural.

Assim é que, antes de deixar as muralhas do condado, é mister se submeter a um profundo exercício preliminar, como aqueles que os cristãos fazem durante períodos convenientes como a Quaresma e o Advento, garantindo incessantemente o treinamento, protocolos de ação, para reconhecer e lidar com ameaças e tentações e, pedindo ao Criador a fortaleza, oferecer-lhes resistência a fim de, em toda parte, agir com retidão, segundo Seu desígnio.