terça-feira, 2 de novembro de 2010
Exilados...
Na noite de Todos os Santos,
Alguém bate o portão do Castelo,
A mensagem que vem de longe,
Uma alma entrega vestida de amarelo.
Quem remete assina Brasil,
Nome de Estado de Direito,
De terras que dentre outras mil,
Realizava de dia o seu pleito.
Dizia a carta: “perdeu o libelo,
Que tamanha inverdade trazia!”.
O Papa e os bispos sinceros,
Alcunhados pela hipocrisia.
Estava claro o propósito, o assunto,
Tema da correspondência profana,
Regozijar pelo resultado, iracundo,
Das eleições de uma nação soberana.
O homem de amarelo e azul,
Não escondia o sorriso sincero,
Ao voltar para as terras do Sul,
Após ter feito a entrega ao Castelo.
Nos números prestei atenção,
Separando-os em verde e amarelo,
Cores essas que vestiam o envelope
Que trazia o assunto funesto.
Eram duas as escolhas possíveis,
Nenhuma delas pareceu ideal.
Uma, porém, pareceu impossível,
Pois não havia projeto tão mau.
Soube que lá, nessa terra tão grande,
Cujo povo não habita por completo,
Tinha gente que achava absurdo,
Criminalizar quem mata o próprio feto.
Mesmo povo não se achava tão disposto
A expulsar de suas filas quem era incerto.
Proibido defender a vida contra o aborto.
Permitido corromper-se o que é honesto.
Descobri que nem todos eram loucos
Nem todos se afastaram da Verdade.
Contra a turba se levantaram uns poucos
Que logo aumentaram em quantidade.
Havia lá uns dignos sucessores,
Dos apóstolos herdaram a autoridade.
Fizeram ouvir o brado retumbante,
De outras vozes sem oportunidade.
Havia lá também alguns farsantes,
Do Iscariotes se fizeram companheiros,
Mas diferente de Judas, exultantes,
Preferiram matar outros a si mesmos.
Assim se prolongou aquela dança,
Até os últimos dias desse pleito,
Mas outro som fez renovar a esperança,
Ressoou a voz do Sucessor de Pedro.
E a turba de falsários, compelida,
Perdendo da Igreja o falso apoio.
Não teve mais escolha e, bem unida,
Difamou o Papa e todo seu comboio.
“Mentirosos, difamadores, nazista”,
Gritavam seus sequazes com furor,
Não tinham nenhum pudor os fratricidas,
Ao renegar o seu batismo com horror.
E desse jeito foi naquela terra
Que de vera Cruz foi tolhida,
Domingo de preceito foram às urnas
Pra escolher o objetivo socialista
Já com os resultados nas mãos,
O que era mistério se desnuda,
Estrilou contra a liberdade o não,
Em meio à silenciosa angústia.
Dos milhões, dez foi a diferença,
Separando as duas candidaturas;
Outros trinta ignavos sem presença
Perfaziam o restante da figura.
A brava gente não foi suficiente,
Pra levar a cabo a amargura,
Porquanto muitos indolentes,
Ocultaram suas almas da ternura.
Sob a égide do escrúpulo exigente
Tergiversaram sobre si a própria culpa,
Quando a Verdade corajosa e descontente,
Imputou a eles a covardia da postura.
Mas a clava forte da Justiça,
Ampara quem por ela tem amor,
As portas do Castelo estão abertas,
A quem se refugia do terror.
E aqui estaremos reunidos,
Como outrora, em Jerusalém.
Sob a proteção do Santo Espírito
A esperar a horda que nos vem.
A vida pode, por um voto ser negada,
Ceifadas por homens sem compaixão.
Leis insidiosas podem ser aprovadas
Mas se morrermos as pedras falarão.
Porque a Verdade não tem epitáfio,
Pelo Céu e pelos Santos é amada.
A nosso lado estará em cada passo,
E entre finados jamais será lembrada.
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