sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Magistro

Quem ensina não descansa,
nem se cansa de esperar
que não morra a esperança,
no desespero do cansar.


As trevas que vê, não teme,
cria uma estrela, quer iluminar.
Mas o firmamento é rebelde,
eclipse hostil, insiste em nublar.

Eleva a voz de seus ventos,
irrompe as nuvens até passar
e mostrar a bonança no tempo!

Revolve as letras das flores,
poliniza as almas a fecundar
sementes de sábios amores!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Sentido


Quando a vontade se dirige para fora,
E alcança quem está à sua volta,
Sacrifica a si mesma e não se importa,
Morre pela vida de quem nota.

Quando dois apenas um se tornam,
E diversos se dividem e se transformam,
Incomuns desaparecem e se desdobram,
Imbuídos nas graças que então brotam

Quem consente, jubiloso, a si doar,
Contente tem o céu para cantar,
Anjos e todos os santos a rezar.

Cada vida é um triunfo de quem milita,
Novas almas, o legado de quem confia
E multiplica seus talentos com sabedoria.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Rotação

Tudo está em paz.
Que mais é preciso?
Deixar o que se vai;
Ironia de um sorriso.

O viajante aldrava;
Traz a encomenda.
Ao que era pacífico,
Envia uma tormenta.

As águas se debatem,
Enquanto a esfera gira,
E quieto, o tempo late.

Como cão enraivecido,
Do remanso, sem piedade;
Descalabro da humanidade.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Lastro

Ventos movem pra longe,
quem se põe a navegar.
Nova brisa, novo horizonte,
outras terras pra caminhar.

Sussurros desconhecidos,
em idiomas a desvendar,
instigam nossos sentidos,
deixam decisões a tomar.

A consciência lança âncora,
Fixa o juízo no fundo do mar,
para manter a esperança.

Farol que leva à bonança,
não teme o que encontrar,
se a Verdade a alcança,

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Dez anos no castelo...

Esses dias, discretamente, completei uma década de magistério. Tempo propício para agradecer a Deus pelo tempo que me foi concedido; pelas almas confiadas a meus cuidados; pelas sementes celestiais de paciência que tentei cultivar, de maneira a alimentar a razão sem perdê-la, a ponto de avaliar como difícil para algum homem honesto se lembrar de algum ato indecoroso ou um tabuísmo que pudesse macular a dignidade do egrégio ofício que a benevolente Providência me outorgou. Entrementes, escuso-me se, de alguma forma, deixei de perscrutar o horizonte que me foi designado.

Agradeço pela impassibilidade a qual me permitiu seguir em frente contra a correnteza; contra o desrespeito e o desprezo aos anos de serviço; a lecionar a quem, por vezes, não desejava aprender; a respeitar o livre-arbítrio alheio, incluindo a liberdade de jogar a própria vida fora, a qual, muitas vezes, repassa a quem só almeja levar espíritos à luz da Verdade a covardia de não ser capaz de dizer isso às claras aos próprios pais e enfrentar as consequências.

Sou grato pela educação católica que fecundou a família em que nasci e que cresceu na alma com o corpo a ponto de se estabelecer como parâmetro fundamental que dá sentido à existência.

Consola-me saber que minha voz em uma sala de aula não costuma ser lembrada pela facúndia política, mas pela objetividade das lições, acerca de conteúdos que se referem à excelsa Ciência que tem por objeto o alfabeto com o qual o Senhor criou o universo e que, por caridade, resolveu compartilhar com a humanidade a habilidade para compreendê-lo e manipulá-lo, a fim de lembrá-la permanentemente de seu múnus de corresponder a aspirações por coisas mais altas.

"Gratias ago tibi, Domine" pelos anticorpos que a cada dia combatem o câncer das mágoas, do remorso, do ressentimento, conservando a sanidade espiritual; pela refeição, cuja sesta alivia nossos fardos e nosso cansaço em um coração manso e humilde.

Só Vós conheceis as horas. "Fiat voluntas Tua"! E continuai, obsequiosamente, a me conceder a graça de cumpri-la.

Ad majorem Dei gloriam.

Amém.

sábado, 18 de novembro de 2017

Caminho de Volta

Luz que ofusca na noite
de escuros dias sem norte,
em que velas de pouca sorte,
no vento se vão apagar.

Vento que constrange o voo
dos que na terra repousam
cansados do próprio esforço
no tempo se pondo a marchar.

Tempo que tudo perece,
no qual se nasce e se cresce;
a vida foge e se esquece
que dele não pode escapar.

Dele é o domínio da Terra,
de tudo o que nela se encerra
das almas que a morte liberta
para um dia à Luz retornar

domingo, 21 de maio de 2017

Movimento

Voltei ao lugar de onde vim,
de onde fugi sem ter ido,
não sei onde fui, eu não vi,
tão breve que há de ter sido.

Dormi, acordei, estava ali,
e dali percorri o caminho
caminhei por aí, logo ali
reconheci o velho destino.

Lá, revivi alguns bons tempos,
enterrados, largados ao relento
e que logo tornaram a morrer.

Adiante seguiram com o vento,
guardados, além dos momentos;
indo e voltando sem nada dizer.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Clima Hospitaleiro

Nada é muito diferente,
talvez o tempo lá de fora.
O Sol, após a chuva;
o arco-íris que aflora.

O périplo chega à metade,
do inverno se vê a aurora;
a paisagem se torna turva.
Quem não vê? Quem ignora?

O silêncio cumprimenta a alvorada,
que aldrava a porta, rompendo o dia
depois de se despedir da madrugada
de quem muito apreciou a companhia

Doce silêncio, cuja voz não perturba;
nunca demais na alma que inunda;
fragrância de paz na consciência turva;
uma ferida sem dor, antídoto e cura.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Navegando


A manhã revela o Sol,
Que adorna a solidão,
Tarde, passa da hora,
Despede a escuridão.

Tudo o que não se via,
Exibe-se, com distinção,
Então, o frio vai embora,
Não se aquece o coração.

No mar, além do horizonte,
Inalcançável, a embarcação
Que parte da vista ao longe.

Consigo, o dia levará,
A Lua, a noite trará,
Quem sabe, regressará...

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Senda e Companhia

Pôr-se a caminho e andar,
ao fim triunfante marchar,
Quem não servir a atrasar
quão excelsa parceira será!


Passo e o ânimo manter,
A esperança recrudescer,
do alto do monte ir ver,
o ocaso da vida aquiescer.

Far-se-á o que da aurora
antes de transcorrer o dia
e da noite ter chegado a hora?

De tocar a aldrava da porta,
que o presente anuncia
do fim futuro, a alegria