sábado, 13 de setembro de 2008

O Mestre

“Este grande doutor, cujo ensinamento foi tantas vezes elogiado e recomendado por meus predecessores, também intercede hoje e constitui exemplo para todos os membros da escola católica. Na vida e na obra de Santo Tomás encontrareis o modelo tanto do discípulo como do mestre católico”

(João Paulo II).

Pro Catholica Societate

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Rebeldes sem Causa

Alguns diálogos típicos:

- Professor, vai liberar mais cedo.

- Não - responde o docente reiteradamente.
Exemplo 2:

- Professor, não dá aula hoje não!

Exemplo 3:

- Ah! Pra que existe a Matemática?

Exemplo 4:

- Não vou copiar nada!
Esses exemplos ilustram algo muito sério e, porque não dizer, grave: uma ausência de comprometimento que causa espécie.

A normalidade; a freqüência regular com a qual esse tipo de debate ocorre em sala de aula causa perplexidade. Esconde a ausência de perspectivas, uma visão de horizonte enevoada, pequena.

Afinal de contas, para que se vai até a escola?

Parece que nossos alunos a tratam como um fardo pesado, uma espécie de "serviço escolar obrigatório" que todos devem prestar. Difícil achar aqueles que foram instruídos a amar a Sabedoria e a empregar todos os esforços na busca da Verdade.

Em que mundo acordamos?

Um mundo onde se procura a via mais cômoda, a vantagem sobre o próximo. Uma sociedade em que alunos vão se tornando especialistas na tentativa de ludibriar seus professores em avaliações. "Quem não cola não sai da escola, diz o adágio insensato". Espírito nefasto, secular, que vai tornando os homens escravos da própria ignorância. De fato, pra que Matemática?

Meu filho, se acolheres minhas palavras e guardares com carinho meus preceitos, ouvindo com atenção a sabedoria e inclinando teu coração para o entendimento se tu apelares à penetração, se invocares a inteligência, buscando-a como se procura a prata; se a pesquisares como um tesouro, então compreenderás o temor do Senhor, e descobrirás o conhecimento de Deus, porque o Senhor é quem dá a sabedoria, e de sua boca é que procedem a ciência e a prudência. (Pr 2,1-6)

Ciência? Prudência?

Não!

Conveniência! Indecência!

Estas são as escolhas de um século em trevas: "não vou copiar nada", diz o aluno, como se estivesse fazendo um favor ao professor e não a si mesmo. Fala com autoridade, como se seu papel em sala de aula fosse outro que não o de aprendiz, discípulo; como se o prejudicado fosse o mestre. Quem será avaliado? Quem deixará de ter acesso a informações valiosas para seu próprio futuro? Quem prestará o vestibular? Quem está se condenando à ignorância? Quem se identifica com estas palavras?

Os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução (Pr 1,7b).

Sim, eles desprezam. E buscam se aproveitar do amor de seus professores (os que se importam). Exploram esse amor e o usam como meio de chantagem; de barganha. Para chamar a atenção. Para se destacar na multidão.

Até quando, insensatos, amareis a tolice, e os tolos odiarão a ciência? (Pr 1,22)

Só Deus sabe.

Liberar mais cedo para que mais rápido se alcance a ignomínia?

Perguntas que demandam respostas; escolhas que se tem que fazer todos os dias; palavras que se tem que dizer repetidamente. O mundo incentiva a perdição e os maus aparentemente triunfam sobre os poucos exilados. Porque "os filhos deste século são mais astutos em seus negócios que os filhos da luz" (cf. Lc 16,8). O destino dos que escolhem as estradas mais longas é o sofrimento.

Dizia Frei Maurício Viann, ilustre cidadão japeriense:

"Os caminhos da vida são variados, mas os que levam para o céu passam pelo calvário".

Como é difícil ensinar isso. Quanta mortificação é necessária para vencer a tentação da conveniência, da porta larga, do caminho mais fácil, da "cola", do estelionato, da falsidade ideológica. Como é fácil não se aborrecer! Como é fácil não me aborrecer? Por que não lançar dez para todos e me isentar da fadiga do labor? Quem reclamaria? Apenas os que amam a sabedoria!

Quanta liberdade! Quanta deslealdade!

Alunos que se ofendem mutuamente. Não conseguem dialogar sem agressões. E quando as palavras não bastam, braços e pés são trocados.

...Idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. (Gl 5,20-23)

Mas há aqueles que escolheram a boa parte, e esta não lhes será tirada (cf. Lc 10,42).

Aferra-te à instrução, não a soltes, guarda-a, porque ela é tua vida. (Pr 4,13)

Manifestação de valor do Magistério:

O culto dos valores morais e espirituais (cf. art 4, I, do Estatuto do Magistério Público do Estado do Rio de Janeiro)

Os que escolhem a melhor fatia, são alunos humildes, submissos e que amam a sabedoria. Pois o "temor a Deus é o princípio da sabedoria" (cf. Pr 1,7).

Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. Assim, aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação. (Rm 13, 3-5)

Assim:

Ouvi, filhos meus, a instrução de um pai; sede atentos, para adquirir a inteligência. (Pr 4,1)

Da mesma maneira, convém escutar aqueles que são mestres e tem o Bem como fim último, porque isso é bom e satisfaz à Justiça.

Em verdade, as autoridades inspiram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. Porque ela é instrumento de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, porque não é sem razão que leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que pratica o mal. Portanto, é necessário submeter-se, não somente por temor do castigo, mas também por dever de consciência. (Rm 13,3ss)

Estas palavras se dirigem aos que escolheram a melhor fatia, a via estreita, o caminho do sofrimento e da coragem; aos que optaram por alegrias que duram porque derivam do infinito e da eternidade.

Ao contrário, serão vãs àqueles que preferem satisfações passageiras, seculares, que desperdiçam seu tempo e enterram seus talentos.
Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? (Is 55,2)
Elas se destinam àqueles que amam a Sabedoria e a instrução, que são humildes, fraternos e submissos; que respeitam seus colegas de classe e tratam seus pais e mestres com educação.

O néscio desdenha a instrução de seu pai, mas o que atende à repreensão torna-se sábio. (Pr 15,5)
O caminho da Verdade não é tolerante com a torpeza. Resta a esperança de que a voz da Sabedoria possa ecoar fundo nos corações. Ainda há tempo de navegar por águas mais calmas, serenas, tranqüilas e cristalinas; de andar nos jardins mais perfumados, por onde passam as trilhas mais retas e onde está o solo mais firme.
Quem tiver ouvidos, ouça! (Ap 13,9)

Quem tiver olhos, leia!